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Perder a batalha não significa perde a GUERRA
Até já contei essa história. O cara botou no juízo que deveria jogar no ar uma rádio comunitária. Juntou mais uns quatro ou cinco amigos, fez uns arranjos no quartinho dos fundos da casa e comprou os equipamentos básicos de uma estação de rádio de baixa potência, com a ajuda do irmão, avó, vizinhos e conhecidos. Depois, muitas alegrias, sensação de compartilhamento comunitário, o povo se juntando, o pastor delirando com a possibilidade de pregar seu evangelho, as moças catequistas, os poetas, os forrozeiros, a turma do hip hop se chegando, o moço que gosta de Roberto Carlos, todo mundo querendo transmitir sua graça, seu apelo, sua palavra de carinho, sua música preferida, seu dengo, sua esperança, sua mágoa, sua reclamação e a mensagem chegando limpinha, magicamente clara nos rádios das casas.
Por um momento, aquele grupo de jovens teve a sensação estranha de que a vida é justa e não é tão ruim morar numa comunidade distante, pobre e esquecida. A rádio comunitária, que tem a principal função de fornecer serviços e voz à sua comunidade, é fundamental pra uma população que só é notícia nas rádios comuns quando acontece um crime no bairro. Foi quando formaram a diretoria, o conselho e todas as exigências legais para pedir autorização ao Governo para utilizar o canal que é público.
O Governo fez ouvidos de mercador e a rádio continuou transmitindo. Foi quando a denúncia feita pelos políticos e empresários trouxe a polícia federal que apreendeu todo o equipamento, processou os responsáveis e multou a rádio em quase três mil reais.
Mas ninguém nasceu pra vítima e perdedor. A comunidade volta a lutar pela rádio, cotizando-se para pagar a multa e comprar novamente os equipamentos.
Na foto, os protagonistas da história da Rádio Comunitária Diversidade do Jardim Veneza, em João Pessoa: Marcelo Ricardo, Danielle Evangelista, Ricardson Dias e Márcia Silva .
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