RSS

Carta de Principios

O ato de comunicar situa a pessoa no mundo. Em muitos momentos de nossa vida, estamos em relação com outros/as e usamos diversos meios para alcançá-los/as. Estes meios às vezes não são percebidos: uma conversa de bar; uma piscadela para chamar a atenção daquele/a garoto/a; a lágrima de saudade; a carta de demissão do emprego etc. Do outro lado estão os meios de comunicação de massa, que trazem notícias do mundo para bilhões de pessoas, interligando o planeta inteiro. Mas este nome não se aplica, pois tal processo é caracterizado pela simples informação de eventos que acontecem diariamente. A comunicação depende da interação entre quem, por exemplo, fala e quem escuta. A programação a que assistimos na TV todo dia apenas despeja um conteúdo, sem que tenhamos condições mínimas para expressar nossas opiniões, discordar e até mesmo elogiar o que foi transmitido. Podemos apenas ficar sentados em frente à caixa mágica, ou o rádio encantado ou o jornal fantástico...

Num mundo onde as pessoas estão cada vez mais isoladas, separadas e alienadas, a mídia corporativa tem um papel importante em manter as coisas do jeito que estão. Caminhando de mãos dadas e para o mesmo caminho que as elites opressoras, a mídia corporativa representa uma das principais bases de sustento do modo de (des)organização em que nos encontramos. Os movimentos sociais, que já têm suas dificuldades para se organizar, precisam estar conectados entre si para analisar as propostas e ações e para fazer um panorama dos erros cometidos. Como podem fazer isso se não sabem o que acontece aos outros movimentos?
Os grandes veículos de comunicação se escondem atrás do mito da “imparcialidade”. Mas como uma pessoa pode ser imparcial? Cada um de nós encara um acontecimento de uma maneira diferente, de um ponto de vista diferente. Esse ponto de vista é flexível ao contexto histórico e aos interesses de quem o vê. Sempre existe um pouco de nós quando falamos sobre os outros. Não pode fazer sentido que aquelas palavras imprimidas no papel do jornal são as únicas palavras possíveis para descrever algo acontecido. Uma notícia é uma história e um fato é um fragmento de um momento, contado por alguém que passou por muitas experiências e que tem muitos interesses. Mesmo que não queira, colocará algo de si naquela história.
Percebemos, então, que a mídia corporativa tem o seu interesse e escreve o defendendo. Já que não nos identificamos com o seu modo de ver o mundo, está na hora de construir o nosso. Não seremos imparciais, mas transparentes. Nossas opiniões são expostas e queremos levantar o debate aberto sobre elas. As pessoas e comunidades que não se encaixam dentro da classe defendida por esses meios estão sem voz. Ninguém sabe dos problemas que acontecem nas ruas dos bairros distantes dos olhares do conglomerado midiático. E ninguém sabe porque eles não querem que saibam. É interessante para eles que as pessoas revoltadas não se comuniquem. Assim elas nunca vão poder produzir nada juntas, nada que ponha em risco a situação privilegiada dos que estão no topo da pirâmide.
É preciso, de acordo com isso, fazer com que as comunidades e os grupos e os movimentos de resistência estejam em contato, para poderem organizar as atividades e propostas de mudanças. Se o Estado só distribui as concessões para corporações econômicas da mesma classe, que retribuem favores ideológicos para ele, é fácil perceber que devemos manter nossa vontade de comunicar fora dele. Através de redes horizontais e bem estruturadas, podemos começar e ampliar milhares de debates e criar fóruns.
A maneira que nós encontramos foi o rádio. Em 2004 um grupo de pessoas envolvidas com diferentes trabalhos de comunicação ( Sistema VV e Rádio Atitude Jovem ) se uniram e deram origem a esse projeto de comunicação social batizado de Rádio Comunitária Diversidade, nossa proposta é abrir espaço para todos as pessoas e seguimentos que não tem espaço na grande mídia com objetivo de unir a todos e assim abrir caminhos para alcançar as melhorias que desejamos para nossas comunidades. Democratizar a comunicação esse é o caminho para conseguirmos a liberdade de expressão que é direito nosso e exigimos que seja respeitado.

Nossos princípios são poucos, mas importantes:

- Nossa rádio não tem autorização federal, mas é legítima. Temos plena consciência de que não conseguiremos passar por cima dos milhares de pedidos de legalização no Ministério das Comunicações e queremos nos manter nessa condição;

- Não temos interesse em fazer parcerias com entidades ditas grandiosas, pois isso só limitaria nossa liberdade, já carente, de falar o que for relevante;

- As Instituições religiosas não terão representatividade na rádio por acreditarmos a que ela não existe para defender denominações e sim para trazer a idéia de respeito e igualdade entre todas as crenças. Mas isso não impede que pessoas religiosas façam parte do coletivo, contanto que respeitem a diversidade de opiniões .

- Não admitimos programas preconceituosos seja contra raça, orientação sexual, gênero etc.

- Cada Diretor, Conselheiro, Apresentador e Sócio deve participar da construção da rádio como um todo, portanto, deve se envolver com sua manutenção. E deve, também, perceber que somos contra a mídia corporativa por considera-la anti-democrática e como uma das bases que mantém as pessoas alheias ao que acontece nos bastidores das decisões sobre as políticas mundiais.;

- Por último, mas não menos importante, nossa rádio é apartidária. Não somos porta vozes de nenhum partido, seja qual bandeira ele carregue. Pessoas filiadas a partidos podem participar do coletivo, desde que não usem a rádio para divulgar interesses partidários.

O que queremos alcançar Dias Melhores para todas as Comunidades, a fim de construir as bases para uma nova maneira de fazer o mundo.

0 comentários:

Postar um comentário